Seguro-viagem: por que vale a pena fazer
Mais do que assistência médica, contratação pode cobrir gastos por cancelamento de voo e reparo de bagagem danificada
Você está no meio de uma viagem na Europa quando de repente começa a ter uma crise de gastrite, e então pensa consigo mesmo: “Tinha de acontecer logo agora que não estou no Brasil?”. Foi o que ocorreu com a estudante de Engenharia Mecânica Patrícia Muniz, 25 anos. A mineira de Belo Horizonte foi para Portugal no final de janeiro cursar um semestre na Universidade do Porto e precisou usar os serviços do seguro-viagem contratado. Foram quatro ocasiões, duas delas nas crises de gastrite em uma passagem por Barcelona, onde foi encaminhada para o hospital. Patrícia conta que também utilizou o seguro quando bateu a cabeça em um acidente doméstico e ficou preocupada com a forte dor de cabeça. Ela recebeu atendimento a domicílio, mas acabou indo fazer tomografia. Por fim, a estudante teve amigdalite e mais uma vez recebeu assistência em casa.
— Vale a pena fazer um seguro, porque no hospital público o atendimento é demorado em qualquer lugar do mundo — comenta.
Mesmo que não haja uma exigência no país para onde você vai viajar, o vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav), Henrique Sérgio Abreu, aconselha que seja feito um seguro-viagem. É que, além da assistência de saúde, o contrato pode garantir segurança para seus pertences, como a bagagem, por exemplo, além de imprevistos com voo.
— Um seguro é muito barato se comparado aos riscos que se corre — diz Abreu. — Você paga US$ 50 em um seguro para uma viagem de US$ 5 mil. Você pode ir e voltar e não acontecer nada, mas, quando precisa e não tem, pensa que deveria ter contratado.
Como funciona o seguro?
Não existe um padrão para a cobertura dos seguros. Varia de acordo com a idade, o país, o tempo da estada. O plano pode incluir assistência médica, assistência odontológica, seguro por morte acidental, repatriação sanitária, gastos por atraso ou cancelamento de voo, reembolso de gastos por reparo de bagagem danificada, orientação em caso de perda de documentos e assistência jurídica, por exemplo. Segundo a Abav, o valor cobrado nem sempre é por dia e, por isso, quem faz intercâmbio, por exemplo, paga menos se comparado com quem faz uma viagem curta de férias — presume-se que o intercambista terá uma rotina, diferentemente do turista, que transita por diversos lugares e, por isso, corre mais riscos. Se você não domina completamente o idioma de onde vai visitar, não se preocupe: o atendimento sempre é na sua língua.
Onde é obrigatório
Se o seu destino for um dos 26 países que fazem parte do Acordo de Schengen, a contratação de um seguro é obrigatória. O tratado exige que o turista tenha um seguro com cobertura mínima de 30 mil euros. O valor varia conforme o total de dias viajado. Fazem parte do Acordo de Schengen: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Eslovênia, Eslováquia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Islândia, Letônia, Lituânia, Liechtenstein, Malta, Noruega, Luxemburgo, Polônia, Portugal, República Tcheca, Suécia e Suíça.
Como contratar?
Além de empresas especializadas em seguro-viagem e agências de turismo, algumas operadoras de cartão de crédito também oferecem o serviço.
O que considerar na hora de contratar?
Por mais óbvio que pareça, o principal aspecto a ser considerado é o destino. Mesmo que o país não tenha essa exigência, é importante saber como é a segurança do local e se há serviço público de saúde, por exemplo. O vice-presidente da Abav cita como exemplo os Estados Unidos, onde, ao contrário de países da Europa, o seguro não é obrigatório:
— Lá, não existe SUS. Ou você tem seguro, ou precisa ter muito dinheiro — comenta Henrique Sérgio Abreu.
É comum que a maior preocupação em uma viagem seja assistência médica. Mas vale avaliar o período da viagem e suas atividades turísticas — por exemplo, se você vai praticar algum esporte. Ou se você levará na bagagem itens de grande valor, como equipamento fotográfico e notebook.
Garantia de atendimento para brasileiros
Contribuintes da Previdência Social que viajam para Portugal, Itália ou Cabo Verde têm o direito a atendimento na rede pública como cidadão local. Para isso, é preciso ter o Certificado de Direito à Assistência Médica (CDAM). A emissão do CDAM é realizada pela Gestão de Pessoas em todos os Núcleos Estaduais do Ministério da Saúde.
- No Rio Grande do Sul, é possível obter o certificado em Porto Alegre, na Avenida Borges de Medeiros, 536, 5º andar, sala 509. O atendimento é das 10h às 16h. Informações podem ser solicitadas pelo telefone (51) 3213-2074.
- Para quem vai a Portugal, os documentos necessários para a emissão do CDAM são RG, CPF, passaporte válido e comprovante de residência no Brasil.
- Já para Itália e Cabo Verde, é necessário RG, CPF, passaporte válido, comprovante de residência no Brasil e comprovante de vínculo com o INSS.
Fique atento
Outra forma de garantir que não ocorram imprevistos em sua viagem é manter a carteira de vacinação em dia. Muitos países, inclusive, exigem o Certificado Internacional de Vacina ou Profilaxia (CIVP), para comprovar a vacinação contra a febre amarela. Por isso, depois de tomá-la, você precisa solicitar o CIPV neste site, aguardar o prazo para emissão, que pode levar até 10 dias úteis, imprimir o certificado e assinar no local indicado. Se preferir, também é possível solicitar um atendimento presencial.